20 de maio de 2013

Pesquisa resgata o uso de hortaliças não convencionais


Ascom Senar-PB
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Pesquisadores da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig) estão desenvolvendo estudos com hortaliças não convencionais que eram encontradas nos quintais das casas, mas que perderam espaço na culinária. Essas hortaliças são aquelas presentes em determinadas localidades ou regiões, que compõem pratos regionais, como frango com ora-pro-nóbis, taioba refogada e doce de batata-doce. São pratos de preparo simples e alto valor nutricional. Entretanto, com uma mudança de comportamento alimentar, essas plantas passaram a ter expressões econômicas e sociais reduzidas e perderam espaço para outras hortaliças.
Com o objetivo de buscar o resgate no cultivo dessas hortaliças e o uso na culinária a Epamig, em parceria com a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural de Minas Gerais (Emater-MG), estão conduzindo pesquisas e transferência de tecnologias nessa área. Atualmente, está em desenvolvimento o projeto “Avaliação de sistemas orgânicos no cultivo de hortaliças não convencionais”, com recurso da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig), na Fazenda Experimental Santa Rita, em Prudente de Morais, região Centro-Oeste de Minas.
De acordo com a coordenadora do projeto e pesquisadora da Epamig, Marinalva Woods Pedrosa, o objetivo é avaliar o sistema orgânico de cultivo, sem agrotóxicos, de hortaliças como azedinha, taioba, e ora-pro-nóbis, visando à produção de tecnologias para essas espécies. “Essas espécies já são cultivadas na região, são de fácil cultivo e ricas em nutrientes”, explica.
Segundo a pesquisadora, a proposta é incentivar a produção dessas hortaliças através de práticas ecologicamente mais equilibradas e que contribuam para promoção da sustentabilidade social, ambiental e econômica. “A partir desse trabalho foram instalados 28 bancos de hortaliças não convencionais em diversas comunidades do estado, sendo que três desses bancos estão em Fazendas Experimentais da Epamig, em São João del-Rei, Prudente de Morais e Oratórios”, afirma.
O programa “Bancos Comunitários de Multiplicação e Conservação de Hortaliças Não Convencionais” visa o resgate de diversas dessas espécies e também a multiplicação. Este trabalho é desenvolvido em parceria com Epamig, Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Universidade Federal de Viçosa (UFV), Emater-MG e prefeituras municipais.
Na Fazenda Experimental, em Prudente de Morais podem ser encontradas no banco de germoplasma mudas e sementes de hortaliças de diferentes espécies, como: araruta, azedinha, almeirão-de-árvore, cará-do-ar, cansanção, feijão mangalô, jacatupé, mangarito, ora-pro-nóbis, peixinho, vinagreira. Algumas dessas hortaliças foram distribuídas para produtores familiares da região que já cultivavam hortaliças convencionais e pretendiam diversificar a produção.
O produtor Argentino Faria, que participa do projeto de hortas urbanas em Sete Lagoas, afirma que essas hortaliças são fontes de diversificação de renda. “Produzo azedinha, taioba e ora-pro-nóbis. Vendo um pouco de tudo e também sou consumidor dessas verduras”, conta. Com a orientação de extensionistas da Emater-MG os produtores que integram a Associação de Produtores Urbanos de Hortaliças de Sete Lagoas praticam cultivo sem o uso agrotóxicos e com adubação orgânica. “Misturo restos de plantas da horta com cal e faço um composto orgânico. Esse é meu adubo”, explica.
Em Belo Horizonte, essas hortaliças tradicionais podem ser encontradas em mercados e feiras de diversas regiões da cidade. Na região centro-sul, o Mercado Central e o Mercado Novo oferecem varejo e atacado dessas folhosas. Já a Feira dos Produtores atende os consumidores da região Nordeste da capital.
A consumidora Rita Silva Losquiano, frequentadora assídua da Feira, conta que essas hortaliças compõem as refeições em sua residência. “Na minha casa consumimos taioba refogada e salada de várias outras hortaliças tradicionais. Na minha infância tínhamos essas plantas no quintal de casa. Hoje moro em apartamento e não cultivo essas folhosas, mas as adquiro no mercado”, disse. Sebastião Parreiras da Silva, feirante desde 1981, disse atender donas de casas e também restaurantes em sua banca na Feira dos Produtores. 
Fonte: Agência Minas