19 de junho de 2023
De ‘mala e cuia’ para o oeste da Bahia
Conheça a história da Schmidt Agrícola e como, com a ajuda do Senar, o grupo impacta toda a sociedade na região
Brasília (19/06/2023) – Uma propriedade inundada, a decisão de mudar para outro Estado com toda a família e recomeçar uma nova jornada, momentos críticos, sem água, sem luz e um único barracão de madeira como abrigo.
Como muitas famílias que saíram de “mala e cuia” de uma determinada região para outra em busca de um sonho, a trajetória dos Schmidt é repleta de persistência, pioneirismo e coragem para investir e transformar uma região em uma nova fronteira na produção de alimentos.
E não foram poucos os desafios até a formação da atual Schmidt Agrícola, grupo dedicado à produção de soja, milho, feijão, algodão, banana e cacau em propriedades rurais que, juntas, geram aproximadamente 700 empregos no oeste baiano, na região de Barreiras, Luís Eduardo Magalhães, Riachão das Neves e Formosa do Rio Preto a cerca de 900 quilômetros de Salvador.
David, 35 anos, é um dos quatro irmãos Schmidt que comandam o grupo. Ele está à frente da gestão das propriedades rurais da família, mas ainda encontra tempo para presidir o Sindicato de Produtores Rurais de Barreiras (BA) e a Comissão Nacional de Irrigação da CNA, além de desenvolver projetos, em conjunto com o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar), que transformam a vida de jovens da comunidade.
No meio de sua intensa rotina de trabalho, David sabe a importância de olhar, e nunca esquecer, o início da trajetória de sua família.
“Meus pais são do Rio Grande do Sul e tentavam uma vida melhor em Foz do Iguaçu (PR). Lá, eles começaram a trabalhar no plantio e na colheita em uma parte arrendada da propriedade de um amigo. Com o dinheiro da produção que conseguiram juntar, eles compraram um pedaço da terra, mas, depois de um tempo, a área foi inundada para a construção Usina Hidrelétrica de Itaipu”, relata David.
Com essa situação inesperada, a família precisou novamente buscar um local para continuar a produzir alimentos. “Em 1979, meu pai ouviu de um amigo que trabalhava na construção da BR-020 sobre umas terras no Oeste da Bahia. Foi aí que ele, com a cara e a coragem, veio conhecer a região. Gostou, deixou o compromisso firmado, voltou ao Sul, pegou toda a família e veio novamente, dessa vez de mala e cuia”.
Os imigrantes do Sul viram as terras do Oeste da Bahia como uma oportunidade para trabalhar e produzir alimentos. “A primeira fazenda não tinha água e nem energia. Não existiam plantações aqui. Então, a primeira coisa foi construir um barraco de madeira improvisado para conseguir botar a família embaixo e criar o primeiro ponto de apoio da sede”, conta.
A morte do pai em 2009 foi outro baque familiar, pessoal e para os negócios. “Nossa fazenda praticamente foi a leilão em razão desse momento crítico em todos os sentidos. Mas a gente conseguiu se reerguer, graças a Deus e à união da nossa família. Cada irmão é especializado em uma área, e isso ajudou o grupo a crescer de 10 colaboradores para os atuais 700. Sempre tivemos fé que ia dar certo. Estávamos aqui para fazer dar certo”, conta David.
Mesmo com a atividade agrícola já estabelecida na região, os produtores locais viram surgir outras necessidades e desafios. Foi aí que a determinação de David encontrou no suporte do Senar as oportunidades para desenvolver ainda mais a atividade.
“Surgiram a necessidade de capacitação, de adequação da legislação ambiental e trabalhista, de melhoria na gestão, de busca por tecnologias e conhecimento. Identificamos que o Senar teria um alcance maior na formação de mão-de-obra, tinha o potencial de transformar a realidade social do campo, de fazer a diferença na vida de pessoas que vivem em lugares longe dos grandes centros”.
Para David, o Senar faz um papel importante que é o de ser o elo entre as regiões produtivas e os jovens de comunidades rurais. “Ajuda os jovens a se fixarem no campo para que não precisem, caso não queiram, deixar suas famílias e ir estudar em outras regiões”, observa.
O próprio David é um exemplo dessa busca por conhecimento quando foi um dos finalistas da primeira edição do CNA Jovem, programa de desenvolvimento de novas lideranças do Sistema CNA/Senar.
Conhecimento e oportunidades levaram David, junto com outros parceiros, a criar a escola rural do Distrito de Irrigação dos Perímetros Irrigados Nupeba e Riacho Grande, no distrito de São José, em Riachão das Neves, a terceira a partir da atuação do grupo Schmidt Agrícola e que já beneficiou mais de mil jovens, com idade entre 18 e 23 anos, na região.
No programa Jovem Aprendiz, por exemplo, desenvolvido em parceria com o Senar, os participantes são contratados por empresas rurais e passam quatro horas por dia, de segunda a sexta, na fazenda vivenciando experiências de campo. Após o período de 800 horas, em conformidade com a Lei de Aprendizagem 10.097 /00, os jovens estão preparados para o mercado de trabalho.
Muitos aprendizes, segundo David, são absorvidos pelo próprio grupo o que, para ele, é uma forma de retribuir à sociedade um pouco do que a Schmidt Agrícola alcançou. “Não existe nenhuma outra instituição que conhece tanto a cultura da zona rural como o Senar. A instituição mostra e dá oportunidades aos jovens da região. Não é necessário andar mais de 2 mil quilômetros para estudar em outro local e deixar a família no meio rural. As oportunidades de estudo ocorrem aqui”, enfatiza.
Um desses jovens é Tauan Queiroz, um dos participantes do curso de Supervisor Agrícola. “Esse curso está sendo um sonho, nunca imaginei que o Senar me daria uma oportunidade tão boa. Tenho a expectativa de colocar em prática na propriedade dos meus pais o que eu aprendo aqui. Meus pais são a minha inspiração para estar todos os dias na ‘fazenda-escola’”, diz.
Os pais de Tauan plantam goiaba, banana e, em determinadas épocas, cultivam feijão e outras culturas temporárias. “Como sempre acompanhei a rotina do meu pai, me apaixonei pelo agro. Quando não estou aqui na escola, estou com eles na propriedade. Isso é uma forma de retribuir a todos que me ajudam a participar do Jovem Aprendiz”.
Outra iniciativa do Senar na região é o programa Agro Jovem. “Em um período de dois meses, os jovens aprendem empreendedorismo com foco em comunidades rurais. A intenção é mostrar que eles não precisam necessariamente ser colaboradores ou ir para a cidade. É possível que eles tenham uma qualidade de vida satisfatória no campo como empresários e parceiros de produtores”, diz David.
Ao falar da contribuição das pessoas em toda a sua trajetória e da necessidade retribuição para a comunidade, o produtor se emociona. “Muitas pessoas têm vontade, mas não têm condições. Deus nos deu condições de ajudarmos e, ao contribuir com a sociedade, futuramente essas pessoas vão me ajudar, ajudar a comunidade, ou como colaboradores, parceiros, ou outros profissionais. Não tem como a gente deslocar o nosso negócio da sociedade”.
David complementa que o crescimento só ocorre por meio do investimento em pessoas. “Toda empresa tem um fim social porque se a sociedade não tiver interesse nessa empresa, ela simplesmente fecha. Como produtores de alimentos, nós precisamos de pessoas para que a nossa empresa continue existindo e crescendo. Tudo faz parte de um encadeamento produtivo”, conclui.
A jornada não terminou, mas hoje a Schmidt Agrícola contribui para o desenvolvimento da região, ajuda na fixação de jovens no campo, é reconhecida pelos altos índices de produtividade com foco na sustentabilidade, na implantação de alta tecnologia no agro, além de possuir certificações para atender às exigências de mercados internacionais. Um caminho e tanto percorrido para quem olha para trás e vê aquele primeiro barraco de madeira que serviu de abrigo para a família.
A história de David Schmidt faz parte da série que a Campanha do Senar ‘Agro, do Pequeno ao Grande, do Campo pra Você’.
Assessoria de Comunicação CNA
Fotos: Karlany Soares
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