31 de janeiro de 2013

A evolução da castração em bovinos e a imunocastração


Ascom Senar-PB
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Uma prática que antecede a era Cristã. A castração de bovinos é realizada desde o início da criação destes animais, há milhares de anos – durante o período Neolítico (Idade da Pedra Polida). No princípio, o procedimento era feito apenas para manter os machos mais calmos. A partir do grande desenvolvimento da pecuária bovina – na segunda metade do século XX –, a castração passou a ser realizada também com o objetivo de melhorar a qualidade e o sabor da carne e pode, até mesmo, contribuir para a sanidade do rebanho.
Apesar dos efeitos positivos, as técnicas tradicionais de castração (métodos cirúrgico, burdizzo[1] e castração química) afetam o bem-estar animal e trazem riscos de complicações como infecções, bicheiras, perda de peso e, em casos extremos, a morte. Porém, desde maio de 2011, os pecuaristas brasileiros contam com um método alternativo que traz os mesmos benefícios destas técnicas e ainda preserva o bem-estar animal: Bopriva, primeira e única vacina para castração imunológica de bovinos do mercado.
Produzida pela Pfizer Saúde Animal, Bopriva é injetável e possui mecanismo de ação similar às vacinas convencionais. “O produto age no sistema imunológico dos bovinos e proporciona a suspensão temporária da fertilidade de machos e fêmeas. Desta forma, Bopriva muda a maneira de os pecuaristas lidarem com a castração e representa, mais do que evolução, uma revolução dessa técnica”, explica Fernanda Hoe, gerente de produto da unidade de negócios Bovinos da Pfizer Saúde Animal.
Segundo a executiva, o grande desafio da bovinocultura era aprimorar as técnicas de castração como ferramenta para adequá-las às exigências atuais em aliar produtividade e bem-estar animal. Foi diante deste cenário que a Pfizer Saúde Animal reuniu uma equipe de pesquisadores para o desenvolvimento de Bopriva. “Foram realizados 24 estudos clínicos globalmente, envolvendo 4.620 animais. O primeiro mercado a receber a vacina foi a Nova Zelândia, em 2010”, completa Fernanda. Conheça a seguir um pouco mais sobre a evolução e os métodos da castração de bovinos no Brasil, suas funções, as diferenças nos organismos dos animais castrados e não castrados, e a ciência por trás da castração imunológica.
Técnicas tradicionais de castração de bovinos
• Esmagamento com macete – Método muito usado no início do século XX. O animal era amarrado ao solo com cordas e utilizava-se um pequeno bastão para bater de 10 a 12 vezes nos testículos.
• Emasculador, burdizzo ou castração russa – A técnica foi trazida ao Brasil por volta da década de 40. Trata-se de um método físico feito com uma ferramenta (conhecida como burdizzo, nome de uma das fabricantes) específica para castração, parecida com um alicate. O instrumento esmaga os cordões espermáticos, sem danificar o escroto, interrompendo a circulação sanguínea para os testículos – que entram em processo de deterioração e caem necrosados com o tempo. O aspecto, mau cheiro e infestações por larvas de moscas antes dos testículos caírem estão entre as reclamações dos pecuaristas que utilizam este método em suas propriedades. Porém, seu principal inconveniente é que, após algum tempo, a circulação pode ser retomada e os animais precisam ser castrados novamente.
• Elastrador – Método bastante utilizado em bezerros nos EUA. Por meio de uma ferramenta, um elástico de alta pressão é fixado na base do escroto dos animais. Seu resultado é semelhante ao emasculador: em cerca de 50 dias o tecido dos testículos cai necrosado. No entanto, o elastrador só pode ser usado em animais jovens devido ao tamanho do elástico. Além do grande incômodo e dor que provoca nos animais, esta caindo em desuso porque aumenta muito a suscetibilidade a infecções.
• Castração química – Consiste na aplicação local de substâncias químicas que provocam a atrofia dos testículos. É utilizada no Brasil desde a década de 70. Hoje, são usadas injeções de tintura de iodo e látex. O processo é bastante doloroso para o animal e pode apresentar resultados muito graves, pois às vezes a substância atinge apenas parte dos testículos.
• Castração cirúrgica – Técnica mais realizada hoje no Brasil. Geralmente é feita sem anestesia por meio de duas incisões laterais na bolsa escrotal do animal para retirada dos testículos ou com a remoção do ápice do escroto. Apesar de trazer os benefícios já citados, não evita os prejuízos causados pelas complicações pós-operatórias. O animal fica suscetível a infecções ou miíases, pode perder peso e, em casos extremos, corre risco de morte.
Como funciona a castração imunológica
Bopriva é uma vacina que estimula o sistema imunológico do animal a produzir anticorpos contra o Fator de Liberação de Gonadotropinas (GnRF ou GnRH). Desta forma, o produto bloqueia a liberação de dois hormônios e, como consequência, suprime temporariamente a função testicular e a produção de testosterona em bovinos machos. Nas fêmeas, a função ovariana também é inibida temporariamente com o uso de Bopriva, reduzindo o comportamento de cio.
A neutralização do GnRH por meio do uso da vacina leva ainda à interrupção temporária do comportamento sexual e agressivo aliada à uma melhoria da qualidade de carcaça. Por ser uma vacina, Bopriva traz ainda como benefício a diminuição da perda de performance associada à castração cirúrgica. “Outra vantagem da técnica é a preservação do bem-estar animal. A vacina atende a essa demanda, pois é administrada com duas doses injetáveis (dose e reforço) na tábua do pescoço e pode ser associada a outros manejos de rotina. A primeira dose de Bopriva sensibiliza o sistema imunológico do animal, que responde ao produto 7 a 14 dias após a segunda dose”, salienta Fernanda Hoe.
O efeito do produto é temporário. Em média, sua ação dura de três a cinco meses após a aplicação da segunda dose. Após esse período, a atividade testicular ou ovariana retorna lentamente. A duração de efeito de Bopriva varia conforme o intervalo entre a 1ª e 2ª dose, por isso é recomendado o uso de protocolos diferentes de acordo com o sistema de produção. Uma terceira dose pode ser aplicada para prolongar a ação da vacina, proporcionando mais cinco meses de efeito.
“A segurança alimentar para o consumidor final também é um diferencial da imunocastração”, destaca Fernanda. Bopriva não exige período de carência para abate, pois é um produto não hormonal que não deixa resíduos no organismo do animal. “Isto porque o antígeno desta vacina é uma proteína e, assim como todas as proteínas, é destruído quando cozido e no trato gastrintestinal. Por essas razões, as autoridades regulatórias permitem o abate imediato de bovinos machos e fêmeas imunizados com Bopriva”, finaliza a executiva.
Fonte: Portal do Agronegócio