2 de maio de 2016
Almoço típico celebra avanço da parceria SENAR e Senac no programa Do Rural à Mesa
Estudantes de gastronomia prepararam prato especial para produtores do programa, neste sábado
Um prato típico de povos indígenas do Chile e da Argentina foi a maneira encontrada pelos estudantes de gastronomia do Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac) para celebrar o sucesso do Programa Do Rural à Mesa, realizado em parceria com o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (SENAR). O “Curanto” é uma forma ancestral de cozinhar enterrando os alimentos. A técnica consiste em cavar um buraco, onde se aquecem pedras e depois são cozidas carnes e vegetais, protegidos por folhas e sacos de estopa, que depois são cobertos com terra. Assim, a umidade e a consistência são mantidas, o que realça o sabor dos alimentos.
A preparação aconteceu neste sábado (30/4), na propriedade do casal Márcio Pereira Martins e Maria Jose Araújo Martins, em Alexânia (GO). Eles participam do programa desde a sua criação, em abril do ano passado. O evento reuniu coordenadores Do Rural à Mesa, profissionais de Assistência Técnica e Gerencial do SENAR (ATeG), estudantes do curso de Aperfeiçoamento em Cozinha e diversos produtores rurais integrantes da iniciativa.
A escolha do prato não foi por acaso. Segundo o chef do restaurante do Senac do Senado Federal, Gustavo Maragna, trata-se de um exemplo de “cozinha étnica”, que recupera o que nossos ancestrais faziam com os alimentos disponíveis, valorizando produtos locais e a relação com a terra. Esse é justamente um dos propósitos da parceria entre o Senac e o SENAR.
“Essa imersão dos cozinheiros no campo é fundamental para criar um senso de pertencimento, saber de onde vêm os alimentos e desenvolvermos uma gastronomia local, aqui do Centro-Oeste e do Cerrado. Quando você conhece o produtor, trata aquele produto de forma diferenciada, com mais respeito. Isso já acontece em países onde a alta gastronomia está avançada”, destaca o chef, que tem passagens por restaurantes da Coréia do Sul, Tailândia e Austrália, entre outros lugares.
A aluna do curso Andréia Reges reforça que o contato de quem está na cozinha com quem produz traz muitos benefícios. Ela, que estudou na Escola Agrícola de Planaltina (DF), explica que os cozinheiros aprendem a utilizar melhor os produtos quando conhecem o processo produtivo, além de alimentos mais “fresquinhos” garantirem a qualidade das refeições que chegarão na mesa dos consumidores.
“A excelência do resultado vem do campo. Eu já estava acostumada a colher e dar valor, mas é de suma importância que todos tenham essa experiência. Conhecendo esse trabalho que acontece no campo, o cozinheiro vai tratar com mais carinho os produtos que recebe”, declara enquanto mexe uma panela de polenta e observa outra com arroz-carreteiro.
Programa não para de crescer
Os números alcançados pelo Do Rural à Mesa seguem surpreendendo. Conforme a gerente pedagógica do Senac Gastronomia, Patrícia Garcia, de agosto de 2015 a março de 2016 foram adquiridos mais de 15 toneladas de alimentos pelos restaurantes da entidade, gerando um faturamento de R$ 71,1 mil.
“O programa oferece produtos com uma qualidade infinitamente melhor, dizem nossos funcionários e clientes. Por outro lado, a periodicidade de fornecimento garante tranquilidade e um preço mais justo para os produtores”, observa.
Benefícios que são comprovados por Márcio e Maria José. De acordo com o casal, além da dificuldade de encontrar compradores, o baixo valor pago pelos “atravessadores” desanimava o trabalho. Com a Assistência Técnica e Gerencial do SENAR e a garantia de compra pelo Senac, além dos custos de produção diminuírem, a valorização de alguns produtos chegou praticamente a dobrar, como no caso do tomate. Antes, por uma caixa de 20 quilos, eles recebiam R$ 35. Hoje, o valor pago é de R$ 60.
“Eles ficavam com o dinheiro e nós, com o suor. Agora conseguimos vender tudo e temos uma rentabilidade muito melhor. Ampliamos a nossa produção e tivemos que contratar mais funcionários. Antes era só um e hoje já estamos com cinco. A assistência técnica também foi uma revolução. Com ela, aprendemos a usar os produtos adequados na hora certa. Isso reduziu em 40% o uso de defensivos”, revela Márcio.
O otimismo é tão grande que a dupla pretende investir mais. A ideia é plantar mil pés de acerola e, futuramente, produzir polpa de frutas. Se depender do SENAR, o programa seguirá crescendo. De acordo com o coordenador de Assistência Técnica e Gerencial do SENAR, Matheus Ferreira, a experiência de Alexânia, que conta com a participação de 20 produtores rurais, servirá como um “laboratório” para outros estados.
“A expectativa é nacionalizar o programa. Estamos utilizando a nossa metodologia para integrar o campo e a cidade, como podemos observar nessa experiência aqui de Alexânia. Outro ponto positivo é que o produtor está se conscientizando sobre a necessidade de qualidade e sustentabilidade para ter competitividade e acessar mercados diferenciados. O Do Rural à Mesa também incentiva a organização social do grupo de produtores. Em conjunto, eles vendem melhor e compram insumos com preços mais baixos”, ressalta Matheus.
Fotos: Wenderson Araújo
Assessoria de Comunicação do SENAR
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