7 de novembro de 2013

Brasil Agroecológico resgata produção de alimentos orgânicos


Ascom Senar-PB
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Uma maneira de reconhecer e resgatar a história das mulheres do campo e dos povos e comunidades tradicionais no que se refere à prática de orgânicos. Esse é um dos conceitos do Plano Brasil Agroecológico, lançado pelo Governo Federal. Para as agricultoras familiares, nesse sentido, foi reservada cota de 50% de participação nos projetos de Assistência Técnica e Extensão Rural (Ater) voltados para a agroecologia.
A Ater, aliás, é o carro-chefe do Brasil Agroecológico. Para a prestação dos serviços, serão investidos R$ 260 milhões para contemplar 58 mil famílias que produzem de forma orgânica – dentre elas, mulheres, assentados, jovens rurais e povos e comunidades tradicionais. O assentamento da reforma agrária da agricultora Verônica Santana, por exemplo, já começou a produzir dessa forma. Aos poucos, as 92 famílias que vivem no assentamento Vitória da União, no município de Santa Luzia do Itanhy (SE), se organizam para que a produção de hortaliças e frutas seja agroecológica.
“O que temos sentido na nossa região é o avanço das agroindústrias, do agronegócio, principalmente no uso de agrotóxicos. Algumas famílias aderiram a esse sistema, chegando a ficar endividadas e outras até falidas. É aí que começa toda a discussão da produção de alimentos diversificados e de como podemos potencializar essa discussão em torno dessa produção de alimentos saudáveis”, argumenta.
Segundo ela, a Ater deve ser cada vez mais valorizada. “Um dos desafios que enfrentamos é mudar o modelo de Ater. A agricultura familiar tem um conhecimento sobre isso e ele precisa ser considerado, respeitado. A assistência técnica deve ser uma troca de conhecimentos”, afirma Verônica Santana.
Valorização
Para a coordenadora-geral de Organização Produtiva e Comercialização da Diretoria de Políticas para Mulheres Rurais do Ministério do Desenvolvimento Agrário (DPMR/ MDA), Renata Leite, o Brasil Agroecológico veio para valorizar o lugar da mulher nas práticas orgânicas. “Esse Plano reconhece o papel das mulheres na construção dos ecossistemas. Ele contribui para que o Governo Federal desfaça essa relação desigual entre homens e mulheres”, diz.
O secretário nacional de Agricultura Familiar do MDA, Valter Bianchini, acredita que a participação das mulheres no Plano é um avanço importante. “Serão destinados 30% dos recursos a atividades exclusivas com mulheres agricultoras e jovens que trabalhem de forma orgânica. Além disso, há o número de 50%, no mínimo, de participação das mulheres que serão assistidas”, ressalta. Ele afirma que é o primeiro passo para beneficiar esse tipo de agricultura. “A Ater é uma das prioridades para fortalecer a agroecologia”, observa.
Povos e comunidades tradicionais
O Plano Brasil Agroecológico reservou uma parcela de seus recursos aos povos e comunidades tradicionais, como quilombolas, povos indígenas, pescadores artesanais, extrativistas, ribeirinhos etc. Para atender 26 mil famílias agricultoras que praticam agroextrativismo sustentável, por exemplo, serão destinados R$ 132 milhões. Seis mil famílias de pescadores e aquicultores familiares terão à disposição R$ 9 milhões para ações de estruturação produtiva.
O coordenador-geral de Políticas para Povos e Comunidades Tradicionais do MDA, Edmilton Cerqueira, explica que o Plano vem reforçar uma prática antiga desse público. “Historicamente, povos e comunidades tradicionais sempre praticaram a agroecologia, por ser algo passado de geração em geração. Essas comunidades produzem produtos orgânicos, livres de agrotóxicos. Se para outros segmentos essa é uma discussão que busca ser incorporada, para esses povos ela apenas reforça uma prática utilizada há séculos”, reflete.

Fonte Original: Portal do Ministério do Desenvolvimento Agrário