13 de julho de 2017

Daniel Carrara: os produtores brasileiros precisam de conhecimento, novas tecnologias e assistência técnica


Ascom Senar
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Ao centro, Daniel Carrara recebe a medalha do Mérito Rural Prisco Bezerra, instituída pelo Sistema FAEC/SENAR-CE

Em entrevista à editora da Revista Ceará e Municípios – jornalista Silvana Frota, o Secretário Executivo do SENAR, Daniel Kluppel Carrara faz um balanço da atuaçāo do SENAR durante 25 anos e destaca os avanços da Administração Regional do Ceará. Ele foi um dos homenageados com a medalha do Mérito Rural Prisco Bezerra, instituída pelo Sistema FAEC/SENAR-CE.

SF – Secretário Daniel qual o balanço faz das ações do SENAR no Brasil?

Secretário: Se a agropecuária brasileira é hoje pop e tec é porque avançamos nas pesquisas e inovação. Mas o sucesso do setor que contribui com o crescimento do País não teria acontecido sem educação. É o que o SENAR faz há 25 anos. Leva para o campo as pesquisas da Embrapa, de universidades e outras entidades, em forma de cursos de formação profissional, presenciais e a distância, ações de promoção social e assistência técnica.

Ao longo da sua história, o SENAR contabiliza mais de 75 milhões de brasileiros atendidos, gratuitamente. Só em 2016 foram 3,4 milhões.
Presente nos 26 estados e no Distrito Federal, o SENAR oferece capacitações em 300 atividades do campo, em salas de aula espalhadas pelos campos do Brasil. Esse é o modelo de formação profissional que desenvolvemos até hoje. Mas avançamos nos últimos anos para levar, também, educação formal ao campo.

O SENAR, desde sua criação, também promove ações de promoção social. No ano passado ampliamos os investimentos em prevenção de saúde e qualidade de vida. E em 2016, a questão climática entrou definitivamente na pauta do SENAR. Já desenvolvíamos o projeto ABC Cerrado, focado na difusão de tecnologias de baixa emissão de carbono, com recursos do Banco Mundial, e seguimos na busca de novas parcerias internacionais para auxiliar o produtor rural na chamada resiliência climática.

onsideramos nossa metodologia de Assistência Técnica e Gerencial como fundamental para o País vencer os desafios das mudanças climáticas. A produção assistida pode juntar a pesquisa com a implementação tecnológica e, assim, impulsionar o desenvolvimento produtivo, econômico e social do setor agropecuário. Isso aumenta a nossa responsabilidade, mas é também um grande desafio que o SENAR está preparado para enfrentar.

SF – O Estado do Ceará avançou em vários programas um deles foi a Rede e-TEC com 4 Pólos. Que tipo de benefício o ensino a distância está trazendo para o campo?

Secretário: O SENAR investe em programas e projetos de expansão da formação profissional, desde 2003. Entre os programas inovadores está a oferta de formação técnica de nível médio a distância, para ampliar o leque de oportunidades de educação formal de qualidade para jovens e adultos que residem ou trabalham no campo.

Em 2014, o SENAR aderiu ao Programa Rede e-Tec Brasil do Governo Federal para expandir suas ações educativas formais, voltadas ao homem do campo, e em especial, e oportunizar o acesso à educação profissional de qualidade.

Iniciamos com o curso Técnico em Agronegócio, estruturado a partir da realidade dos campos brasileiros. Tanto o conteúdo quanto o formato são pensados com foco nos produtores e trabalhadores rurais. A aquisição de conhecimentos técnicos mais complexos amplia as oportunidades de trabalho e melhoria na qualidade de vida e, consequentemente, contribui para o crescimento da produção em nosso país.

Este curso tem um diferencial importante. 80% do conteúdo fica disponibilizado no portal da rede. Mas como prática é fundamental, os alunos também cumprem 20% do total de 1.230 horas-aula nos polos de apoio presencial da rede, propriedades rurais e agroindústrias. Atualmente temos 93 polos presenciais espalhados pelo Brasil.

O SENAR Ceará aderiu ao Programa Rede e-Tec Brasil e participa desde 2015. Iniciou com dois polos, um na capital, Fortaleza e outro em Cascavel. Ampliou em mais dois polos localizados em Quixadá e Quixeramobim. Em agosto deste ano, os alunos das primeiras turmas concluem o curso e saem habilitados para exercer a profissão em propriedade e empresas rurais, com diploma reconhecido pelo Ministério da Educação e o Conselho Regional de Engenharia.

SF – O SENAR/CE acaba de receber aprovação para um Polo da Faculdade CNA. Qual o papel da Faculdade CNA?

Secretário: A agropecuária no Brasil vem passando por rápidas e fortes mudanças no que diz respeito ao modelo de gestão e aos padrões produtivos e tecnológicos. As suas funções são hoje muito mais complexas e seu processo de produção extremamente dinâmico. Mas os produtores ainda carecem de conhecimentos sobre modelos e ferramentas de gestão.

Hoje há uma grande oportunidade para o desenvolvimento do ensino superior, presencial e a distância, para o Brasil Rural. Dois indicadores básicos mostram claramente a discrepância com relação à oferta de cursos em agropecuária e cursos em geral, indicando uma potencial demanda. Dos 32.049 cursos oferecidos no Brasil, somente 1.124 (3,5%) se referem ao agronegócio.

Para atender esse mercado de trabalho carente em formação tecnológica voltada para a gestão do agronegócio, a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil criou a FACULDADE CNA, que tem como finalidade a qualificação dos produtores, trabalhadores rurais e demais públicos envolvidos com o setor no País.

A Faculdade CNA tem o compromisso de formar profissionais preparados para atuar na agropecuária que é hoje modelo para o mundo, por ser inovadora, altamente tecnológica e sustentável.

Aqui no Ceará, teremos um polo da faculdade funcionando na sede do Sistema FAEC/SENAR.

SF – O agronegócio sustenta o PIB do país, foi 13,4% no primeiro trimestre de 2017. O que os produtores ainda precisam para continuar crescendo?

Secretário: Os produtores brasileiros, principalmente os pequenos e médios, precisam de acesso ao conhecimento, às novas tecnologias e de assistência técnica.

Foi para suprir essa carência, e por acreditarmos que podemos contribuir ainda mais com o desenvolvimento da nossa agropecuária, que criamos uma metodologia de Assistência Técnica e Gerencial com foco em gestão e transferência de tecnologia.

Atualmente, o SENAR atende, gratuitamente, com assistência técnica, 60 mil produtores em todas as regiões do País, com consultoria técnica e gerencial, de forma efetiva e constante.

SF – Qual é a importância do PECNORDESTE e do tema este ano?

Secretário: Eventos como o PECNORDESTE são fundamentais para fazer o conhecimento chegar a um  número maior de produtores. Funcionam como verdadeiras vitrines do que o nosso Sistema faz.

O tema de 2017 está totalmente em sintonia com o foco de trabalho do SENAR, que falei há pouco – a necessidade de adaptação das nossas propriedades às mudanças climáticas. E isso passa pelo uso consciente da água e do solo, e pela busca de alternativas de produção para o semiárido brasileiro.

SF – O senhor está sendo agraciado dentro do PECNORDESTE com a medalha do Mérito Rural Prisco Bezerra, a maior comenda da agropecuária no Ceará. Como recebe esta homenagem?

Secretário: Recebo a medalha do Mérito Rural Prisco Bezerra imensamente agradecido pelo reconhecimento ao trabalho que desenvolvo no SENAR. Uma honra que, também, reforça minha responsabilidade e serve de estímulo para com nossa entidade impulsionar ainda mais a disseminação de conhecimento e, assim, aumentar a renda e a qualidade de vida dos brasileiros do campo.

Fonte: Revista PECNORDESTE 2017