10 de julho de 2012

Fábrica de comida


Ascom Senar-PB
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Exemplos de boas práticas agrícolas, que combinam respeito à natureza e viabilidade econômica, deram o tom da participação do agro na Rio+20. Um dos destaques da conferência da ONU foi a apresentação de “cases” de sucesso de integração-lavoura-pecuária-floresta (ILPF), sistema que vem aumentando a produtividade e a renda agropecuária com menor impacto no meio ambiente.
Ao mesclar, na mesma área, a produção de alimentos (grãos e carnes) com florestas plantadas de maneira consorciada ou rotacionada, a ILPF amplia as fontes de renda do produtor rural e simultaneamente gera um conjunto de benefícios ambientais, entre os quais: reduz a necessidade de abertura de novas áreas; economiza água e uso de maquinário e consequentemente combustível; recupera solos degradados, diminui o uso de agroquímicos e a emissão de gases do efeito estufa, entre outros. “O sistema transforma a fazenda numa verdadeira fábrica de comida, produzindo durante o ano inteiro”, diz Luiz Lourenço, presidente da Cocamar. “A fazenda nunca fica ociosa.”
Hoje, existem aproximadamente dois milhões de hectares sendo produzidos com ILPF, e a meta do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) é dobrar este número rapidamente. O recém-lançado Plano Safra 2012/13 dedica cerca de R$ 3,4 bilhões em crédito para financiar a chamada agricultura de baixo carbono, que tem na ILPF o seu carro-chefe.
Fazenda Santa Brígida
A transformação ocorrida na Fazenda Santa Brígida (GO), localizada em Ipameri – a 200 quilômetros de Goiânia – é um exemplo de como a ILPF vem mudando [para melhor] a dinâmica da produção rural brasileira. Até 2006, a propriedade de 900 hectares trabalhava num sistema tradicional em que as atividades agrícola e pecuária não “dialogavam”, e sequer existia o plantio de florestas.
Após cinco anos, com a introdução da ILPF, a realidade da fazenda mudou completamente, saindo de uma situação financeira ruim para se tornar história de sucesso na Rio+20. João Kluthcouski, pesquisador da Embrapa, responsável pela introdução do método na Santa Brígida, mostra em números a evolução. Segundo ele, a produção de soja pulou de aproximadamente 40 sacas por hectare na temporada 2006/07 para 58 no ciclo 2011/12.
Com o milho, o crescimento foi ainda mais significativo, saltando de 80 sacas por hectare para 180. Além disso, de acordo com Kluthcouski, a produção de carne aumentou de duas @ para 16 @ por hectare, mesmo com um avanço na lotação mais modesto, que saiu de 0,4 unidade animal (ua)/hectare (ha) para 2,2 ua/ha no mesmo período. 

De maneira geral, o pesquisador ressalta ainda que o custo de produção da @/ha no sistema convencional é de R$ 73, enquanto que na ILPF é de R$ 24. Sérgio José Alves, pesquisador do Iapar, assinala que a simples introdução da ILPF reduz pela metade o tempo de abate do rebanho.
Estima-se que cerca de 100 milhões de hectares de pastagens no País estão em fase de degradação, e que podem ser recuperados pela ILPF, voltando a ser produtivos. “Nenhum país do mundo tem este potencial”, frisa João Kluthcouski, sem deixar de citar o retorno financeiro para o produtor proporcionado pelo cultivo do eucalipto, que gira em torno de R$ 1mil por hectare.
Pioneiro do plantio direto no Brasil, o holandês Franke Dijkstra é outro bom exemplo de um agro sustentável, ou seja, viável do ponto de vista econômico e amigo do meio ambiente. Antes de adotar o sistema de plantio direto (SPD), em meados da década de 70, ele produzia, em sua fazenda localizada em Ponta Grossa (PR), dois mil quilos de soja por hectare. Com a adoção do SPD, passou a produzir quatro mil. Com o milho, conta, o resultado foi ainda melhor. A produção de quatro mil quilos por hectare cresceu para 12 mil quilos atualmente.
Mais exemplos
Em breve será lançado o documentário ”Terra e sustentabilidade”, produzido pela Fundação John Deere em parceria com a Embrapa. Confira o trailer, que traz depoimentos de alguns produtores que mudaram a direção de seus negócios com a adoção da ILPF.
Fonte: Sou Agro
Jornalista: Ronaldo Luiz