Brasília (27/10/2021) – Trabalhar no campo é um processo contínuo de aprendizado, onde agricultores e pecuaristas brasileiros enfrentam dia a dia os desafios de produzir alimentos. A família de Gerson Abdias de Farias, por exemplo, aprendeu a conviver com a falta de chuva na região do Cariri paraibano.

“Hoje chove, amanhã e no ano que vem já não chove. E nós vamos levando, porque nós, caririzeiros, aguentamos”, disse Gerson.

A criação de cabras para a produção de leite é a atividade principal da família Farias. Devido ao clima da região, eles precisaram buscar alternativas para alimentar o rebanho durante a seca. E a palma forrageira foi uma delas.

Para aprender mais sobre essa alternativa nutricional, José Neto Queiroz de Farias, filho de Gerson, visitou a Unidade de Referência Tecnológica (URT) do projeto Forrageiras para o Semiárido, instalada no município de Tenório. A iniciativa é do Sistema CNA/Senar e da Embrapa.

Em uma área de 1 hectare são testadas variedades de gramíneas perenes, forrageiras anuais (sorgo, milho e milheto), lenhosas (gliricídia e moringa) e quatro variedades de palma. Depois de ver os bons resultados, principalmente da gliricídia e do capim buffel, José Neto decidiu adicionar as duas forrageiras na propriedade.

O produtor José Neto Queiroz de Farias e o técnico Humberto Gonçalves Araújo na URT de Tenório

“Através do experimento, eu fui vendo que tinha uma produtividade muito grande, então comecei a implantar na minha propriedade. Já tenho alguns pés lá, mas, futuramente, quando as chuvas vierem, pretendo implantar ainda mais”, afirmou.

Para o técnico da URT de Tenório, Humberto Gonçalves Araújo, não se pode produzir dentro do semiárido sem ter reserva de alimentos. “É aí onde entram as silagens com sorgo e milheto e a reserva estratégica com as cactáceas”.

Essa é apenas uma das mudanças que o Sistema CNA/Senar proporcionou à família de José e Gerson. A Assistência Técnica e Gerencial (ATeG) também chegou para melhorar a produção de leite de cabra.

“Ao chegar à propriedade, vi que já tinha um nível de produção de leite bom, mas faltavam pequenos detalhes em relação à sanidade e estrutura. Então a gente foi ajustando e alinhando”, explicou o técnico de campo do Senar-PB, Robson Carneiro.

Uma das ações da ATeG na propriedade foi a construção de um aprisco, estrutura que previne a ocorrência de vermes. “Foi constatado um surto grande de eimeriose no curral do Neto. Então tivemos que fazer o tratamento e as adequações com estrutura. Quando os animais nascem, eles vão para cima do aprisco e só saem de lá para mamar”, disse Robson.

O apoio do técnico de campo do Senar também ajudou no plantio das forrageiras, que ganharam destaque na alimentação dos caprinos. A palma passou pelo cultivo adensado, o que melhora o desenvolvimento da planta.

“Nós fizemos a silagem e hoje já está sendo ofertada aos animais. E, além disso, a gente ainda conseguiu reduzir os custos do concentrado”, esclareceu o técnico.

Graças ao apoio do Senar, a produtividade aumentou 40%. “Eu tirava 15 litros de leite por dia. Hoje, com 11 cabras, a mesma quantidade de antes, consigo tirar quase 40 litros de leite”, destacou o produtor José Neto.

Todo alimento que sai da propriedade é adquirido pela prefeitura e doado para famílias carentes. E tão importante quanto produzir melhor, é ter a certeza que o trabalho duro vai fazer a diferença na alimentação das famílias, aproximando cada vez mais o campo com a cidade. Juntos como um só.

“Quando eu vou para Juazeirinho e vejo aquela fila de mulheres com as criancinhas recebendo o leite, eu vejo que estou fazendo uma ação, trabalhando no dia a dia com todas as dificuldades para beneficiar um monte de famílias carentes”, concluiu José Neto Queiroz de Farias.

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