28 de setembro de 2017
Manejo e qualificação são fatores primordiais para o sucesso da apicultura
Criar abelhas é uma arte, mas não basta ter apenas algumas colmeias para ser um apicultor. É preciso entender o comportamento social delas, sua biologia e estar sempre se atualizando sobre técnicas de manejo e produção. É isto que torna a arte da apicultura ainda mais nobre e cativante. De acordo com o pesquisador José Almeida de Arruda vários fatores influenciam na produção apícola e é fundamental conhecê-los muito bem para ter um manejo de sucesso.
O clima, o lugar, o pasto apícola, a rainha, tudo influencia na produção do apiário. O clima ideal é aquele com estações secas e úmidas bem definidas. Sendo assim, Mato Grosso é considerado um estado com um potencial muito grande para o desenvolvimento da cadeia produtiva da apicultura. Com os períodos bem definidos, há uma maior concentração das floradas logo após o período chuvoso. “Ainda sobre o tempo é importante destacar que não seja muito frio ou nem muito quente. O ideal é de 20 a 30 graus”, pontua Arruda.
O apiário é outro fator importante para aqueles que optam pela apicultura. De acordo com o pesquisador, a quantidade de colmeias por apiário é determinada pela flora apícola de cada região. As áreas do lavrado suportam em torno de 20 colmeias, já na mata pode-se chegar a 50 ou mais. “O apicultor pode aumentar o número de colmeias até perceber uma redução na produção”. Arruda complementa dizendo que a colmeia em produção não deve ser manipulada excessivamente, e a troca de uma rainha por outra pode permitir que as operárias coloquem o mel nos favos de crias, diminuindo o espaço disponível para a postura.
Água. Este é outro item que está entre os mais importantes no desenvolvimento da apicultura. É necessário que haja água num raio de 500 metros das colmeias. Em caso de a distância ser maior que esta, é necessário improvisar bebedouros. Além da água vários outros fatores como a temperatura, o vento, altitude, espaço disponível, qualidade genética e até mesmo o manejo diário das colmeias pode influenciar na produção do mel.
A época de colheita de mel varia conforme o modelo de negócio, clima, região, localização e plantas próximas ao apiário. Há locais onde se realizam apenas uma colheita por ano, e outros onde há três ou quatro floradas de importância apícola no ano. Há ainda a possibilidade de montar apiários migratórios, que aproveitam mais ainda as floradas, colhendo mel de acordo com uma rota preestabelecida.
Para os interessados em investir em apicultura, o ideal é procurar a associação ou cooperativa de apicultores da região para saber qual o padrão de floradas da região onde pretende montar o apiário. A capacitação e a qualificação também são muito importantes antes de começar a atividade. O Serviço Nacional de Aprendizagem Rural de Mato Grosso (SENAR-MT) oferece os treinamentos de apicultura, manejo avançado na apicultura e produção de abelhas rainhas do gênero APIS.
DICAS
Colmeias – é comum acontecer o abandono das colmeias por falta de alimento. O apicultor deve estar atento a alimentação. Além disso, as colmeias costumam enfraquecer na época da baixa florada. Para minimizar esse problema a dica é uni-las, para que fiquem mais populosas. Desse modo, diminui-se o número de colmeias, mas aumenta-se a população das famílias, o que resulta num maior número de abelhas disponíveis para a coleta do alimento.
Melgueiras – devem ser colocadas na colmeia quantas melgueiras forem necessárias, no mínimo de duas. E sempre acrescentar mais quando as antigas estiverem cheias, ou colher o mel imediatamente.
Mudança de rainha – se as abelhas de uma colmeia capturada tiverem sua rainha trocada por uma selecionada, elas podem mudar de comportamento. Assim, logo começam a nascer as operárias filhas da rainha introduzida, que herdam a genética e o comportamento da mãe. As rainhas introduzidas deverão provir de criadores idôneos que fazem seleção para produção e resistência às doenças. É importante estar sempre atento. A principal característica de uma abelha rainha velha é a diminuição do feromônio real e da postura.
Alimento das abelhas – na época de poucas flores, as abelhas passam fome, e o alimento artificial serve como substituto do néctar e do pólen das flores. Também é importante para evitar que a família abandone a colmeia. Para alimentar as abelhas usa-se xarope com 50% de açúcar ou mais, na falta de néctar, e farinha de soja na falta de pólen. O xarope deve ter a dosagem de 50% de água e 50% de açúcar comum, na proporção de 1/1. O mel sujo pode ser misturado com água e devolvido para as abelhas em forma de xarope.
CURIOSIDADES
Separação de rainhas – quando as colmeias são unidas, deve-se separar as rainhas, pois assim, deixarão a mais nova e mais vigorosa. No caso de rainhas semelhantes, não há necessidade de separação. Elas brigarão e a mais forte sobreviverá.
Excesso de voo – o excesso de voo das operárias (em campo) pode provocar danos às asas. Quanto mais as abelhas trabalham, maior o desgaste e menor o tempo de vida. As asas com o tempo começam a ficar danificadas, principalmente nas pontas. Normalmente as abelhas operárias podem voar num raio de 3 km, mas podem ir até 6 km quando a oferta de alimento for abundante, principalmente para coleta de néctar.
Néctar – a frutose e glicose são os principais tipos de açúcar do néctar. Mas também há um pouco de sacarose e outros açúcares. Boa parte do néctar colhido na época das floradas é consumida na alimentação das larvas e das próprias abelhas adultas. Somente 30% são transformados em mel. Na época de poucas flores, o néctar pode ser utilizado totalmente na alimentação das abelhas, o que pode ocasionar um déficit.
Flores que produzem néctar – flores de eucalipto, relógio, malva, acácia-nativa, acácia-mangium, mata-pasto, copaíba e casca-grossa são alguns exemplos de flores que produzem néctar.
Própolis – a própolis é produzida a partir da raspagem das partes da colmeia onde ele é depositado, ou então, em artefatos especialmente desenvolvidos para este fim.
Época do caju – na época do caju as abelhas produzem mel preto, porque o mel de caju não é extraído das flores, mas sim das frutas. Esse néctar pode ficar exposto ao ar e sofrer algumas alterações físicas e químicas. Ele tem um teor de sacarose bem maior do que o mel floral.
Pesquisas – as arqueológicas mostram que as abelhas sociais já produziam e estocavam mel há 20 milhões de anos, antes mesmo do surgimento do homem na Terra, que só ocorreu poucos milhões de anos atrás. No início, o homem promovia uma verdadeira “caçada ao mel”, tendo que procurar e localizar os enxames, que muitas vezes nidificavam em locais de difícil acesso e de grande risco para os coletores.
Assessoria de Comunicação do SENAR/MT
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