22 de março de 2013

Novas tecnologias reduzem desperdícios


Ascom Senar-PB
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O vasto mercado da água está se voltando para preocupações que vão além da produção e tratamento. Entre os nichos que se destacam, estão empresas que investem em desenvolvimento de equipamentos sofisticados tipo Geographic Information System (GIS) – que permitem a localização do vazamento com redução de 30% no tempo de reparo – até fabricantes de cisternas e galões à base de polietileno especialmente desenhados para captar água da chuva. Outras companhias se dedicam à tecnologias que garantem o reúso da água dentro de um sistema denominado Zero Liquid Discharge (ZLD), ou seja, um ciclo fechado que evita descarga de água para o meio ambiente. Um dos benefícios dessa técnica é também a redução de energia que, em alguns casos, atinge até 30%.
A Companhia de Saneamento Básico de Minas Gerais (Copasa) – segunda maior companhia de saneamento do Brasil – fechou contrato com a Schneider Electric para implantação de um Centro de Controle Operacional (CCO) cuja operação teve início em 2010. Na Copasa, a solução integrada ao CCO é responsável pela supervisão, controle, georeferenciamento, modelagem hidráulica e integração com o sistema comercial. O processo gera benefícios como redução de perdas e custos de operação, manutenção e melhor eficiência energética, diz André Fontaneti Marino, vice-presidente da unidade de negócios da Schneider Electric no Brasil.
Dois são os pontos mais revelantes na implementação de um sistema Smart Water, ressalta Marino. O sistema de georeferenciamento fornece a posição dos reservatórios, das válvulas e bombas, além de informar o consumidor. “É como se eu tivesse a coordenada do GPS de cada um desses elementos. Ele é um localizador que fornece a posição geográfica auxiliando na localização do vazamento e reduzindo a perda de água”, diz. Há quase três anos em operação na Copasa, a tecnologia permitiu à companhia diminuir em aproximadamente 30% o consumo energético, outros 30% no tempo de reparo e em quase 20% a interrupção, de acordo com Marino.
Para a Companhia Estadual de Águas e Esgoto do Rio (Cedae), a Schneider criou um CCO específico para supervisão e controle do abastecimento de água da região Olímpica do Rio de Janeiro, que abrange a Barra da Tijuca, Recreio e Jacarepaguá. “A empresa possui hoje monitoramento em tempo real, que permite melhor controle da pressão nesta região, redução dos custos operacionais e do tempo de interrupções e resposta ao cliente”, diz o executivo.
Já o Aquapolo é um projeto inovador e sustentável, que transforma água de reúso de esgoto para fins industriais, gerando economia de água equivalente ao consumo de uma cidade de 500 mil habitantes. “O projeto desenvolvido trouxe vantagens como a gestão da informação da planta central, rápido rastreamento de pontos de vazamento, cálculo de indicadores-chave de desempenho, consumo e qualidade de energia e troca de informações”, diz Marino. Com uma carteira de oito clientes no Brasil, a Schneider informa que conta com 27 novas oportunidades mapeadas para este ano. “Todas dentro das concessões privadas, como a Foz do Brasil, indústrias e empresas públicas”, diz o executivo.
A francesa Veolia Water Brasil vem investimento em técnicas de recuperação de águas e o mercado brasileiro é um dos seus principais alvos. “O país representa hoje 3% dos negócios que a empresa realiza no mundo. A ideia é dobrar esse percentual em cinco anos. O grupo tem como meta ter 50% de seu faturamento no prazo de dez anos provenientes dos paises do Brics. A importância da água para esses países em desenvolvimento acelerado é grande. E o reúso é a grande vedete”, diz Ruddi de Souza, diretor da Veolia Water Brasil.
De acordo com Souza, o sistema ZDL – que permite o tratamento da água em sistema fechado que evita descarga no meio ambiente — é um dos pontos fortes da companhia. “Temos usado esse processo no Oriente Médio com 100% de regeneração. Em lugares onde a água tem um custo mais acessível ou não é tão escassa, como o Brasil, usamos esse processo com graduações que podem chegar a 60%, 70% de regeneração”, diz.
No Brasil, o sistema tem sido implantando em clientes industriais. “Temos projetos no Comperj, onde há escassez de água e se viabilizou uma solução com regeneração de 60%, mas é possível chegar até 100%”, diz o executivo. A companhia também implementa o processo nas refinarias da Petrobras Repav, em São José dos Campos, e Repar, em Araucária (PR).
Outra frente de economia são os equipamentos para captação da água de chuva. A nacional Harvesting do Brasil iniciou suas operações em fins de 2010 em Lageado (RS) e já contabilizou no ano passado uma receita de R$ 800 milhões entre vendas de cisternas, filtros e tanques. A cisterna é um reservatório de água com formato que facilita a instalação na residência após sua construção. Não é necessário fazer um aterramento. Ele é adaptado junto à parede e capta água da chuva. “Uma cisterna pode fornecer a água utilizada no jardim, na máquina de lavar roupa e no vaso sanitário, e é capaz de gerar uma economia de até 60% dos gastos com água em uma residência”, diz Richard Schenk, sócio da empresa.
No ano passado, a Harvesting produziu cerca de 300 cisternas e a expectativa é triplicar a produção neste ano. Segundo o empresário, os produtos são fabricados em polietileno. “Nossos maiores clientes são os postos Ipiranga, seguido de lojas locais e vendas online”, informa. O próximo passo será desenvolver novos produtos como filtro, produtos para tratamento de esgoto e reúso de água em circuito fechado. “Nosso plano para os próximos anos é entrar forte no varejo e tentar atingir todas as classes sociais com tanques de preços mais em conta. O mercado está bastante aquecido”, afirma.

Fonte: Valor Econômico