14 de abril de 2014

Para garantir a qualidade na produção leiteira


Ascom Senar-PB
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Será que conhecemos a qualidade do leite e dos produtos lácteos que consumimos? Recentemente, em março de 2014, dois escândalos assustaram os consumidores brasileiros. Um deles ocorreu no Rio de Janeiro, onde o órgão de Proteção e Defesa do Consumidor (Procon) determinou a suspensão temporária da venda e retirada do mercado de uma marca conhecida de leite, por suspeita de estar imprópria ao consumo. Outro aconteceu no sul do País, onde se descobriu uma quadrilha que adulterava o leite, com adição de formol e soda cáustica, que depois era vendido para os mercados do Rio Grande do Sul e São Paulo.
No meio dessa crise, uma notícia boa: um projeto na Empresa de Pesquisa Agropecuária do Estado do Rio de Janeiro (Pesagro-Rio) está procurando aumentar o controle sanitário de bovinos fluminenses e melhorar a qualidade do leite e de seus derivados. Entre as medidas promovidas, estão a disponibilização de vacinas contra brucelose e a inseminação artificial com sêmen de alta qualidade genética e implantação de piquetes de cana forrageira. Atualmente, dois municípios do estado participam do programa, Carmo e Cantagalo, com previsão da entrada de outras cidades, Miracema e Seropédica. A iniciativa, que foi contemplada no edital Prioridade Rio, da Faperj, está sob a coordenação de Leda Maria Silva Kimura, médica veterinária e pesquisadora da Pesagro-Rio.
O projeto atua em diferentes etapas. Uma delas é analisar os animais das propriedades dos municípios participantes, para verificar suas condições de saúde. “Durante nove meses, fazemos a coleta de amostras de sangue bovino para detectar brucelose e proceder a exames imunológicos para testes de tuberculose. Isso é feito a intervalos de três meses, para que se avalie a presença dessas zoonoses. Os testes são realizados por laboratórios credenciados pelo Ministério da Agricultura. Se os três testes estiverem negativos, a propriedade ganha um título de propriedade certificada livre de brucelose e tuberculose”, conta Leda. Ela explica que a medida é importante porque essas doenças causam prejuízos econômicos, já que as fêmeas produzem pouco leite e abortam com facilidade. “Sem contar que essas enfermidades podem ser contraídas pelo homem e causar infecções graves.”
Em uma segunda etapa do projeto, o objetivo é promover a identidade de derivados lácteos com selo de qualidade. “Estamos oferecendo todo o maquinário necessário para que a cooperativa produza queijos a partir do leite dessas propriedades certificadas. Inicialmente, o selo está sendo atribuído apenas ao queijo minas frescal, mas a ideia é que se expanda para os demais laticínios. Por enquanto, a primeira propriedade do estado a receber a certificação foi o sítio Bom Jardim, no município do Carmo”, relata Leda. Ela destaca que o selo agrega valor aos produtos dessa propriedade, o que permite que seus queijos sejam mais caros e competitivos em estabelecimentos com maior abrangência de mercado.
Segundo Leda, outras duas propriedades estão em processo final de certificação, em Carmo. “Mas o projeto não para nessas propriedades. O controle da incidência de brucelose e de tuberculose continuará a ser feito, seja pelo diagnóstico dessas doenças, seja pela vacinação dos animais, em outras cidades produtoras que tiverem interesse.” Como afirma a pesquisadora, a região Sudeste detém 47% da produção de leite do Brasil, sendo que 90% desse montante têm origem em pequenas propriedades, com menos de 100 hectares. Ela destaca, contudo, que para se obter um produto final de qualidade satisfatória — que atenda os requisitos sanitários estabelecidos pelo Ministério da Agricultura –, é preciso que toda a cadeia produtiva esteja apropriada e certificada. “Dessa forma, acreditamos que o projeto se mostra relevante e bastante promissor na região fluminense”, conclui Leda.

Fonte: Faperj