2 de maio de 2013

Reforma de pastagens degradadas pode aumentar produtividade


Ascom Senar-PB
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Espaço Feicorte Rural Centro

Semeadas em solos quimicamente pobres, com baixa aplicação de tecnologia e quase nenhuma adubação, as pastagens no estado do Tocantins não têm capacidade para suportar mais do que 0,5 unidade animal por hectare. Esta é uma das conclusões a que chegou uma pesquisa realizada pela Embrapa em parceria com a Fundação Agrisus (Agricultura Sustentável) em mais de 30 propriedades rurais espalhadas por todo o estado e publicada no começo deste ano.
Para o engenheiro agrônomo da Embrapa, Marcelo Cunha, a baixa qualidade das pastagens se reflete nos índices inferiores de produtividade encontrados no estado. “É preciso investir. Não dá para ganhar dinheiro como na década de 1960, 70, quando praticamente não se tinha nenhuma competição e o boi era moeda valorizadíssima”, defende.
Com aplicação correta de tecnologias, investimento na recuperação de pastagens, integração lavoura-pecuária e suplementação adequada no período das secas é possível ter grandes ganhos na produtividade. “É claro que há terrenos menos propensos a isso, mas em situações favoráveis podemos aumentar a lotação de um pasto em até 10 vezes – Isto é, de meia unidade passar para cinco – e em situações normais em até seis vezes”.
No entanto, não é em qualquer caso que a restauração de pastagens é uma alternativa viável. A pesquisa aponta que, sem o planejamento adequado, a amortização dos custos da reforma tomaria perto de 70% da receita da propriedade. “Esses números mostram que, se não tomarmos decisões técnicas para decidirmos quanto, quando e como fazer as reformas de pastagens, a pecuária não é sustentável economicamente”, atenta o relatório.
Eficiência Produtiva
Marcelo Cunha, da Embrapa, acredita que o sucesso na melhoria das pastagens no estado não depende, somente, do acesso às novas tecnologias ou informações, mas de uma mudança no próprio perfil do produtor rural. “Muitos produtores são avessos a enxergar essa nova conjuntura da atividade; a perceber os benefícios de um manejo adequado; a fazer uma gestão diferenciada. É uma questão de conscientização”. O caminho para mudar esta cultura seria o de fornecer a devida orientação técnica e estimular a troca de experiências.
Professor de forragicultura da ESALQ/USP, com pós-doutorado em manejo de pastagens, Moacyr Corsi compreende essa dificuldade como um problema não apenas de Tocantins, mas de todo o Brasil. “Quando se dá fragmentos de tecnologia para o produtor, ele não vai saber o que fazer com aquilo”, elucida. “Não é falar separadamente de bem estar animal ou manejo de pastagens, mas sim mostrar o sistema produtivo como um todo para ele. E oferecer um pacote de ações que possa ser seguido”.
Segundo aponta Corsi, é comum que o produtor pense o manejo de maneira muito simplista, atentando-se apenas para a hora de tirar e colocar o animal no pasto. “Mas é mais complexo do que isso. As próprias condições da infraestrutura local podem comprometer a produção”. O acesso ao cocho de sal ou à água, por exemplo, são determinantes para a nutrição adequada. “Normalmente se utilizam aguadas naturais e tem-se muito pouco cuidado com o acesso. Se o animal bebe pouca água, não vai ter um bom ganho de peso”. Expor situações como esta didaticamente e através de exemplos faz com que o produtor perceba onde está errando em sua propriedade.
Com esse objetivo em mente, Corsi ministrará a palestra “Eficiência produtiva e econômica na produção das pastagens para bovinos de corte” na etapa de Palmas/TO do Circuito Feicorte NFT 2013, que acontece nos dias 6 e 7 de maio. A iniciativa do Agrocentro, em parceria com a NFT Alliance, busca promover um intercâmbio de boas práticas agropecuárias e casos de sucesso para ampliar os horizontes do empreendedor rural. “Eventos como esse são necessários para conscientizar o produtor de que ele está fazendo algo que pode ser melhorado”, reflete o palestrante. “Todos que exercem uma atividade querem tirar o máximo dela, seja em ganho monetário ou em satisfação profissional. Com o trabalho adequado, o produtor só vai ter a ganhar”, conclui.
Fonte: Rural Centro