23 de novembro de 2016
Apresentação de resultados e troca de experiências marcam 2º dia do Fórum da ATeG do SENAR
Evento reuniu durante dois dias, em Brasília, equipes da Assistência Técnica e Gerencial de 26 Administrações Regionais para realinhamento e definição de estratégias para 2017
Resultados positivos precisam ser compartilhados e foi nesse clima de troca de experiências que os coordenadores e supervisores da Assistência Técnica e Gerencial (ATeG) do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (SENAR) iniciaram esta terça-feira (22), 2º dia do Fórum da ATeG realizado em Brasília, na sede do Sistema CNA/SENAR.
Um dos casos de sucesso vem do Espírito Santo. Depois de fechar parcerias, a Administração Regional conseguiu, por intermédio da Assistência Técnica, ajudar os cafeicultores da região Sul do estado a agregar mais valor ao produto, que garantiu certificações ao café produzido. “Escolhemos trabalhar com essa região porque é a mais carente de tecnologia, assistência e qualidade no café,” explica o supervisor da ATeG Café do SENAR-ES, Leonardo Pirovane Vimercati. Segundo ele, o estado sofreu muito com a seca nas safras 2014/2015 e 2015/2016 e por isso, o SENAR precisou intensificar as ações de ATeG.
“Tivemos que fazer isso para melhorar a qualidade do café, agregar valor ao produto e buscar parcerias para os produtores fazerem a comercialização, pois hoje a maior parte dessa comercialização é feita via atravessadores e assim o produtor perde muito na venda. Atualmente temos 15 técnicos de campo atendendo 349 produtores, de agricultor familiar a médio produtor, tanto na produção de conilon como arábica. Estamos focando na qualidade do produto, fazendo coisas simples como reforçar o manejo para o produtor que não tem condições de fazer investimentos e, paralelo a isso, mostramos para o produtor que existem mercados diferenciados para o café que produz além da porteira da fazenda dele”, ressalta.
A partir de março de 2016, com apoio do SENAR Brasil, a Regional do Espírito Santo iniciou o uso de uma nova ferramenta, o ISA (Indicadores de Sustentabilidade em Agrossistemas), desenvolvido pela Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig) e apresentada no 2º Fórum da ATeG pelo pesquisador José Mário Lobo. “Os nossos produtores gostaram muito dessa ferramenta. Percebemos que ela seria um caminho para conseguirem certificações e melhorar ainda mais o comércio do produto deles”, afirma Leonardo Vimercati. “Com a Assistência Técnica e Gerencial do SENAR os produtores aumentaram o preço do café em até 30% em relação ao valor praticado, buscando mercados diferenciados, participando de concursos, mostrando o produto deles e desmistificando a ideia de que o café conilon que produzem é de baixa qualidade”, frisa o supervisor. Na Semana Internacional do Café realizada em Minas Gerais em outubro, um dos produtores atendidos pelo SENAR-ES ficou entre os 10 melhores do País.
Os Indicadores de Sustentabilidade em Agrossistemas (ISA) são uma metodologia que possibilita abordar uma propriedade rural de forma mais ampla, com todas as suas características ambientais e geográficas, a partir de dados retirados do Cadastro Ambiental Rural (CAR). “O ISA não é apenas um formulário dentro da ATeG, é um instrumento de tomada de decisões e planejamento. São dados da propriedade como área de proteção permanente, de recuperação, de reserva legal, de localização da propriedade, bacia hidrográfica onde está inserida, quantos módulos fiscais tem, etc. Com esses dados é possível adotar indicadores e, a partir de um diagnóstico, propor um plano de adequação ambiental e socioeconômico da propriedade para mudar a realidade do produtor rural ”, afirma o pesquisador da Epamig e coordenador do ISA, José Mário Lobo.
A programação do Fórum contou ainda com a apresentação de outros casos de sucesso como o de Santa Catarina, que em apenas três meses, está atendendo 1.900 produtores pelos programas MAPA Leite e ATeG do SENAR. “Iniciamos em agosto as visitas técnicas aos produtores rurais, fazendo o diagnóstico da propriedade, o levantamento do inventário de recursos e algumas medidas de impacto que melhorem a produção, além do acompanhamento gerencial e técnico. É o início de um trabalho muito longo e estamos trabalhando com toda força para que Santa Catarina entre essa atividade como uma prioridade”, pontua a supervisora do SENAR no estado, Paula Araújo Dias Coimbra. Segundo ela, o diferencial para os números expressivos de produtores atendidos são a formação dos técnicos de campo e as parcerias com sindicatos rurais e agroindústrias. “Os sindicatos fazem toda a parte da mobilização e nos auxiliam na formação desses grupos de produtores. Temos muitas pessoas envolvidas para o sucesso desse trabalho.”
O processo de mobilização também foi o diferencial em Tocantins, com experiência positiva na Assistência Técnica ofertada a partir do projeto ABC Cerrado, parceria do SENAR, Ministério da Agricultura e Embrapa com recursos do Banco Mundial. “A mobilização era feita com seminários de sensibilização, mas percebemos que precisávamos fazer esse processo de outras formas também. A partir daí, fortalecemos a divulgação, pegamos os técnicos de campo para fazer um trabalho de aproximação com o produtor e num curto período de tempo conseguimos aumentar o número de produtores para mais de 1400 participantes”, comemora Eudes Vieira Costa, supervisor do SENAR Tocantins.
No Maranhão, a avaliação positiva do programa Mapito aliada à credibilidade do SENAR garantiu uma parceria com o governo do estado para realização do Mais Produção. O projeto vai levar a Assistência Técnica e Gerencial do SENAR a 1550 produtores de 92 municípios em cinco cadeias: arroz, hortifruti, leite, carne/couro e piscicultura. Os resultados foram apresentados no fórum pelo gerente de ATeG do SENAR Maranhão, Epitácio Rocha. “O Mapito fez uma revolução no estado, que praticamente não tinha assistência técnica continuada e com resultados. O programa deixou um legado e um aprendizado muito bom para o SENAR que já tinha credibilidade com a realização de capacitações, mas agora, com a Assistência Técnica, essa credibilidade só aumentou”, destaca Rocha. “Com o Mais Produção, o governo quer aumentar a produção do estado e diminuir os números de importação e o SENAR vai atuar nessa frente. Estamos felizes em poder fazer parte disso.”
O secretário executivo do SENAR, Daniel Carrara, participou da última mesa de debates e destacou a importância da interação com entidades que possam colaborar com o trabalho desenvolvido pelo SENAR como empresas privadas de ATeG, Emater e universidades. Carrara frisou ainda a necessidade do grupo de técnicos criar uma rede de discussões. “Vocês precisam ser ativos, falarem, questionarem para podermos avançar na criação de um grande sistema de Assistência Técnica e Gerencial e cumprir com nosso objetivo que é levar renda ao produtor rural.”
O 2º Fórum da ATeG terminou com a Carta de Brasília, documento que concentra as decisões tomadas ao longo do evento e que será norteador para as ações da Assistência Técnica e Gerencial do SENAR em 2017.
“Eu saio satisfeito com os debates e com a certeza que no mundo atual, movido pela inovação, vamos precisar sempre atualizar ações e processos da Assistência Técnica e Gerencial para continuar ajudando o produtor a melhorar a gestão da propriedade e a geração de renda. Esse é o nosso propósito com o fórum, que já está na agenda de 2017 do SENAR”, concluiu o coordenador nacional de ATeG, Matheus Ferreira.
Assessoria de Comunicação do SENAR
Foto: Tony Oliveira
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