1 de junho de 2017

Prática terapêutica utiliza cavalo para incluir e transformar vidas


Ascom Senar
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Por meio da equoterapia, praticantes mudam perspectiva de vida em Mato Grosso do Sul

Brasília/DF (31/05/2017) – Ao contrário do que se possa pensar, o cavalo é muito mais que um animal para o trabalho e prática de esportes. Com técnicas específicas, ele ajuda a transformar vidas. É o que aconteceu com dezenas de pessoas do Centro de Equoterapia Passo a Passo, em Jardim (MS), como a da pequena Maria Rita Brum Vera, de cinco anos. Ela é portadora da Síndrome de Down. Há dois anos, semanalmente, os pais saem de Nioaque, há 43 km de Jardim, para a menina poder fazer o tratamento com os profissionais do Centro de Equoterapia.

O espaço fica no Sindicato Rural de Jardim e desenvolve as atividades em parceria com o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (SENAR) de Mato Grosso do Sul, por meio do Programa Passo a Passo de Equoterapia. “O sindicato rural é o gestor do centro e o SENAR entra com o apoio técnico, dando auxílio para capacitação dos profissionais que vão atuar com a prática, além de ofertar o material que cada praticante utiliza que são cela, silhão, manta e capacete”, explica o coordenador do programa, Raul Roa.

A equoterapia é um método terapêutico e educacional que utiliza o cavalo, dentro de uma abordagem interdisciplinar, nas áreas de saúde, educação e equitação, buscando o desenvolvimento biopsicossocial de pessoas com deficiência e/ou necessidades especiais.

Familiares e praticantes aprovam

“As melhorias na vida da Maria Rita foram muitas. No começo ela não andava e as pernas eram travadas. Agora o desenvolvimento motor dela é outro, anda bem, tem postura para sentar, porque o sentar no cavalo força a coluna e faz você mantê-la reta. Ela já está pulando, pegando mais confiança em si mesma. Quando ela chega ao centro de equoterapia fica doida, pulando e pedindo cavalo, cavalo!” conta emocionado Bianderson Brum Vera, pai de Maria Rita.

Além da equoterapia, Maria Rita faz acompanhamento com uma fonoaudióloga também do centro. “A fala desenvolveu super bem com o tratamento com a fono. Ela também já aprendeu as cores porque a fisioterapeuta da equoterapia incentiva e ensina. Quando chegamos em casa ela pega as canetinhas e fica falando as cores. Ela está cada vez melhor graças a esse acompanhamento que tem sido maravilhoso”, reforça o pai.

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Apesar da alegria devido à evolução da filha, Brum Vera se diz preocupado porque o tratamento da menina está chegando ao fim. “Com dois anos de tratamento eles dão alta no centro, e isso tem me deixado preocupado porque ela está indo muito bem e onde nós moramos não temos nada disso. Em casa ela ficará sem estímulos. Esperamos conseguir permanecer mais tempo no tratamento justamente por causa dessa evolução no desenvolvimento dela”, revela.

A prática de equoterapia também mudou a vida de João Guedes, 39 anos, que em 2005 levou um tiro na coluna entre as vértebras T1 e T2 e perdeu completamente o movimento das pernas e um pouco dos braços. Ele é do município Guia Lopes da Laguna e há um ano faz tratamento no Centro de Equoterapia em Jardim. “Há 12 anos faço fisioterapia, mas depois que comecei com a equoterapia, as coisas melhoraram muito. Meu equilíbrio e coordenação motora são outros, já consigo até dar alguns passinhos”, conta.

Guedes também faz uma vez por semana e reforça o cuidado que recebe dos profissionais de saúde. “A equo melhorou tudo, até o funcionamento do meu intestino. Não perco nenhuma vez as atividades. Além de que o espaço conta com profissionais dedicados e esforçados que nos proporcionam muitos exercícios em cima do cavalo. A equoterapia mudou a minha vida.”

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Palavra de profissional

A fisioterapeuta do Centro de Equoterapia Passo a Passo, Elaini Bíscaro, explica que a relação entre praticante e animal deve ser de confiança, amor e afeto. Segundo ela, com o tempo, estabelece-se um vínculo entre eles e o animal permite que um praticante cadeirante, por exemplo, tenha a sensação muito próxima à marcha humana, devolvendo a ele a autoestima e dando forças para continuar. “O cavalo, por ser um animal imponente, promove um estado de extrema satisfação ao praticante, pois ao estar em seu dorso, ele tem a sensação de domínio, além de enxergar o mundo sob outro ângulo. Por exemplo, um cadeirante acostumado olhar as pessoas de baixo para cima, no cavalo, ele olha as pessoas de cima para baixo. Isso muda a perspectiva dele”, argumenta.

Elaini ressalta que para não cadeirantes, o cavalo traz também melhora dos aspectos físicos, motores e psicológicos, permitindo a interação e trazendo confiança, socialização e disciplina, além de poder atuar como instrumento pedagógico e cinesioterapêutico (tratamento feito através da realização de movimentos do corpo). “É que o movimento tridimensional (para frente e para trás, para os lados e para cima e para baixo) do cavalo promove a ativação do Sistema Nervoso Central, por isso os resultados são mais rápidos para não cadeirantes.”

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A fisioterapeuta confessa que seu trabalho no centro de equoterapia é fonte de muita satisfação e alegria. “Perceber que o praticante está evoluindo é a prova que nosso trabalho, por mais árduo que seja, traz o resultado esperado e isso reflete tanto nos profissionais envolvidos quanto no praticante e na família. Isso nos motiva cada dia mais a buscar sua plena reabilitação.”

Novos centros a caminho

Em Mato Grosso do Sul, existem atualmente os centros de equoterapia em Jardim, Aparecida do Taboado e Rio Brilhante, inaugurado na última semana. “O sindicato rural de Maracaju já está com a estrutura pronta para iniciar as atividades e mais oito sindicatos sinalizaram interesse em implantar o programa Passo a Passo do SENAR”, afirma Raul Roa. Ele reforça que de acordo com o censo 2010 do IBGE, 15% das pessoas com deficiência em Mato Grosso do Sul vivem no meio rural. “A equoterapia dá resultados porque existem pessoas que precisam dessa prática terapêutica. Os resultados são mensuráveis e aparecem rápido, basta conversar com os praticantes e familiares. É muito gratificante desenvolver um programa como esse, porque ajudamos os sindicatos rurais a cumprirem seu papel social de inclusão e inserção dessas pessoas na sociedade.”

 

Assessoria de Comunicação do SENAR
Foto: Elaini Bíscaro/arquivo pessoal
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