14 de fevereiro de 2013

Produção de pimenta pode garantir renda extra a agricultores


Ascom Senar-PB
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Em Minas Gerais, a produção de pimenta está presente em 57 municípios, dentro da realidade da agricultura familiar. Na região de Monte Carmelo, onde estão oito agroindústrias de pequeno e médio porte, novas variedades vão sendo testadas, incluindo a pimenta que chega ser mil vezes mais ardente do que a conhecida malagueta.
Nos pequenos espaços entre os talhões de café, a produtora Aparecida dos Reis Dias cuida das plantações de pimenta. Filhos e sobrinhos, nas horas de folga, se juntam para ajudar na colheita.
— Três são filhos e dois são sobrinhos. Eles estudam, mais é diversão do que trabalho, porque eles gostam, pensam em crescer e gostam de trabalhar. Se fosse para colocar gente pra colher a gente ia abandonar, porque não tem como — diz a produtora.
O cultivo integrado café-pimenta proporciona uma renda a mais. Cada variedade, segundo Aparecida, tem um preço diferenciado.
— Tem a Comari Amarela, ela hoje está por volta de R$ 3 o pet, tem a pimenta doce, que é de bico, ela está R$ 4,50 hoje. A bode vermelha está R$ 5, só que a gente gasta mais do que pega.
Para implantar um hectare de pimenta, o custo passa de R$ 5 mil, sem contar a mão de obra para colheita. Se não for familiar, a mão de obra pode comprometer até 50% da receita. Os desafios do setor passam por mudanças na forma de comercialização. Até a tradicional garrafa pet — na qual o produto é entregue, em uma mistura que leva principalmente vinagre e sal — vai sair do mercado.
— A questão das pets, apesar de ser muito prático para o produtor, a tendência ela ser substituída por bombonas, por uma questão sanitária. As grandes indústrias já trabalham com bombona só — afirma o agrônomo Roberto Pena, da Emater/MG.
As bombonas têm capacidade para armazenar 100 kg de pimenta, ensacadas dentro das normas sanitárias. O produtor Wilton Abreu Malta carregou, na semana passada, 20 mil garrafas pet de pimenta, que foram para o mercado de Minas Gerais e São Paulo.
— A gente vendeu na faixa de R$ 5,57, R$ 5,58, varia de acordo com a pimenta. A habanero grandona, o pessoal cata bastante por dia. A gente vende o quilo dela a R$ 3,50. Em relação ao ano passado, o mercado está crescendo bastante — avalia Malta.
Revitalização do setor
Os produtores mineiros sentem falta de uma cadeia produtiva organizada e querem revitalizar o setor. Primeiro, na forma de associativismo; depois, formando uma cooperativa para atender às necessidades do mercado com conceitos modernos.
Para o presidente da Associação dos Produtores de Pimenta de Monte Carmelo e Região, Helvio Xavier Resende, a revitalização passa por questões como a padronização dos produtos.
— A questão da assistência técnica, a padronização desde a semente, a muda e para que possivelmente possa levar a tecnologia de forma que possa estar ocorrendo a padronização dos frutos.
De acordo com o secretário de Agricultura de Monte Carmelo, Pedro Paulo Marques, há perspectivas de o município obter o apoio da Embrapa no trabalho de padronização.
— A gente já manteve contato com a coordenação da Embrapa. O coordenador adiantou pra gente que existe uma vontade muito grande da Embrapa de estar desenvolvendo aqui um projeto de indicação geográfica da pimenta, levando em consideração parte de Minas e Goiás. O mercado é eminente, existe o mercado — afirma o secretário.
Os mineiros apostam em novas variedades para ampliar o mercado, como a Bhut Jolokia. Originária da Índia, a pimenta é considerada a variedade mais quente do mundo. Dentro dos critérios técnicos usados para calcular a ardência da pimenta, a malagueta alcança mil pontos. Já a Bhut Jolokia chega a um milhão de pontos. Nem mesmo o produtor Wilton Abreu Malta experimentou o produto.
— Não experimentei não porque não tenho coragem. Essa pimenta vai para restaurantes finos no Sul e para Israel, onde é usada para como bomba de efeito moral. E funciona, porque o trem é brabo.

Fonte: Canal Rural